segunda-feira, 25 de outubro de 2010

SOBRE A PESQUISA (escrito em maio/2010)

PARA ENTENDER ESSE PROCESSO CRIATIVO:

Utilizamos o conceito de REDES DE CRIAÇÃO analisado por Cecília Salles em Redes de criação: cosntrução da obra de arte (2006).

- Ele é definido por outros autores que ela utiliza (Musso e Kastrup) “como uma estrutura de interconexão instável, composta de elementos em interação e cuja variabilidade obedece a alguma regra de funcionamento, eventualmente modelizável” (SALLES, 2006, p. 23)

PERCEBEMOS a partir disso que o nosso trabalho se constitui de uma rede composta por dança e música e que ocorre interação, influência mútua de seus elementos durante a criação.
CONCLUI-SE, então, que as relações abertas e sem subordinação entre dança e música é possível.

- A pesquisa dessa autora sobre Crítica Genética esclarece a importância de se olhar para processos criativos existentes para compreensão de suas dinâmicas, do pensamento do criador e das relações estabelecidas na construção. “As interações, como vimos, são responsáveis pela proliferação de novos caminhos [...] um olhar retroativo e avaliações, que geram uma rede de possibilidades de desenvolvimento da obra” (Ibid, 2006, p. 27)
- COMPREEDER o que ocorreu no nosso primeiro processo abriu caminhos para a continuação.
- “São as relações que vão sendo estabelecidas durante o processo que constituem a construção da obra” (Ibid, 2006, p.27)
- Nosso processo explicita a relação de compartilhamento na criação.

ENTÃO, PARA NÓS um processo criativo compartilhado entre dança e música é aquele que possui propriedades gerais que organizam o seu funcionamento: o modo particular de cada artista operar na criação coletiva configurada em rede de influências.

- “A medida que o artista vai se relacionando com a obra, ele constrói e apreende as leis que passam a regê-la e naturalmente, conhece o sistema em formação” (Ibid, 2006, p. 132)

A PARTIR DE TUDO ISSO...
A observação ativa de nosso percurso criativo está se dando pela revisitação prática e continuação/prolongamento como desenvolvimento. Possibilitando o aumento de interação entre as áreas e complexificando seus modos particulares de criação.

domingo, 24 de outubro de 2010

SOBRE A PESQUISA (escrito em maio/2010)

RESULTADOS:

- Música: harmonia marcante, número limitado de acordes, contraste entre acordes de tensão e repouso.
- Dança: tensão muscular (contrações) no corpo todo, respiração intensa, desequilíbrio e fuga entrega ao chão por conta dele.
- Em cena ocorria improvisação a partir desses elementos explorados que ficaram estabelecidos. Os elementos escolhidos eram aqueles que transmitiam as mesmas sensações, tanto em relação aos estímulos quanto entre eles (som e movimento).
- O que se via em cena então era uma investigação aberta que remetia à carga psicológica do poema/estímulo.

ENTENDEU-SE, então, que a obra havia sido criada por ambos os artistas e que a questão da criação era coletiva, daí surgiu a questão dessa pesquisa: QUE RELAÇÃO FOI ESSA QUE ESTABELECEMOS?
Para responder essa pergunta decidimos primeiramente olhar para outras relações entre Dança e Música:

- Como é de conhecimento geral, a primeira dupla a desestabilizar a forma dessa relação foi Cunningham e Cage.
- Um artigo que lemos de Stephanie Jordam (1999, p. 52) já traz em seu título a frase “Libertar da música [...]”. Aqui fica claro que a dança, para esses artistas, já não era dependente da música, mas que existe muitas outras maneiras de combinar as duas linguagens.
- Como se sabe, no trabalho deles as linguagens se relacionavam (na maioria das vezes) pela estrutura de tempo, duração, algumas vezes só se conhecendo na hora da apresentação. Era uma relação de independência para cada umcriar a seu modo tendo a certeza que no momento da paresentação ambas gerariam uma interpretação mútua (tanto no espectador e entre os executantes).

NÓS, nos aproximamos do trabalho de Cage e Cunningham pela vontade de não correspondência direta entre som e movimento, mas nos singularizamos pois preferimos a ideia de que a obra possa ter seus elementos compostos simultaneamente e em conjunto.

- Concerto para corpo e violão comprova que o processo criativo foi vivenciado por ambos e os elementos foram surgindo juntos configurando uma nova forma de existência para o movimento e o som: simultânea, não subordinada e de expressão/manifestação indissociável. VEJA O SOM E OUÇA O CORPO!

NÓS pretendemos a independência das linguagens no sentido de não traduzirmos uma a outra.

ESSE PRIMEIRO TRABALHO faz entendermos que nos relacionamos a partir do que definimos para trabalhar: o estímulo é comum e gera ideias semelhantes a serem desenvolvidas no som e no movimento conjuntamente. Para o espectador ficará a experiência de ver e ouvir sem separação e por vezes confundindo esses sentidos (é isso que gostaríamos de alcançar).

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

SOBRE A PESQUISA (escrito em maio/10)


COMO OCORREU A CRIAÇÃO (LEVANTANDO DADOS):

  • 1° estímulo: Prelúdio em dó menor de Agustin Barrios. A escuta da obra causava as mesmas sensações em nós dois e então decidimos criar alguma coisa juntos para essa obra.
  • 2° estímulo: Eu, poema de Florbela Espanca. Dava significação verbal às sensações da audição musical, pois possibilitava mais facilmente a construção de imagens (usadas como ferramentas na investigação).
  • Decidimos, então, que movimentos e sons com características semelhantes às dos estímulos deveriam ser utilizados na criação.
  • O levantamento do material começou primeiramente “em cima” do prelúdio e se expandiu para improvisações.
  • A improvisação foi tida como recurso criativo mais justo para não se cair na subordinação entre as duas linguagens.
  • Durante as improvisações a insistência se tornou um modo de exploração constante. Entendida não só como repetição, mas como fazer até o esgotamento dos movimentos e sons nas qualidades escolhidas.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

SOBRE A PESQUISA (escrito em maio/10)

APRESENTAÇÃO

O trabalho que estamos iniciando pretende compreender a relação entre Dança e Música no processo criativo compartilhado por nós (Priscila e Daniel).

Estamos começando a fazer isso a partir da análise dos procedimentos adotados na criação da obra Concerto para corpo e violão. Além disso, decidimos voltar a experimentá-la na prática e dessa forma ela foi aprofundada, “repaginada”.

Olhando, experimentando, conversando podemos conceituar a relação de compartilhamento na criação e como ela se constrói, trazendo maior confiança entre os envolvidos na criação e possibilitando a expansão dos procedimentos de criação/composição.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Começando de novo...

depois de um bom tempo sem atividade conjunta alguma, começamos de novo.
agora para valer, com o incentivo do Programa de Iniciação Científica da FAP e orientação da Profª. Ms. Rosemeri Rocha.

retomamos o antigo trabalho, revisitando e dando continuidade.
o Concerto para Corpo e Violão agora téra 2 movimentos.
o novo movimento terá seu processo de criação detalhado aqui, como o anterior.

além disso, começaremos a compartilhar especificidades de cada área através de exercícios, ora propostos pelo Daniel ora pela Priscila, também faremos pesquisas bibliográficas que "conversem" com as nossas questões.

acompanhem.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Melodia - Daniel (10/02/10)

(escrito por daniel)

melodia:
movimento entre as notas musicais; de maneira horizontal, linha melódica.
Audição se dá quando ela se destaca entre os elementos.

audição primitiva da melodia:
movimento rítmico da melodia e a disposição dos intervalos causa esse tipo de audição.
ela aparece combinada com outros elementos (como ritmo).

ouvimos:
Baden - Canto de Ossanha
Moncayo - Huapango
Vivaldi - Verão presto

audição emotiva da melodia:
varia de pessoa para pessoa.
possíveis causas - disposição dos intervalos, dinâmicas e intensidades.
pode ser combinada com outros elementos (como harmonia e/ou letra).

ouvimos:
Baden - Apelo
Baden - Samba em Prelúdio

audição intelectual da melodia:
análise de sua estrutura, motivos, intervalos, harmonia, condução.

ouvimos:
Mozart - Sinfonia nº 40 (primeiro movimento)
Pachelbel - Cânone em ré
Charlie Parker - Groovin High

minha questão:
COMO SABER QUANDO É A MELODIA QUE ESTÁ EM DESTAQUE?
QUANDO ELA ISOLADA, PERMANECE IDENTIFICÁVEL.

Audição (aspecto técnico) - propositor: Daniel (10/02/10)

(escrito por daniel)

audição musical (como um todo):

primitiva = algum elemento da peça musical dá um impulso automático que leva o corpo a uma movimentação inconsciente, independente de qualquer conotação figurativa ou não.
emotiva = a música é relacionada a uma emoção pessoal que leva o indivíduo a escutar a sua emoção mais que propriamente a música.
intelectual = a estrutura é levada em consideração, é apreciada.


audição musical (em partes):

- melodia
- ritmo
- harmonia
- letra (se tiver canção)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Conversa com a Gladis - EM 03/03/10

o que queremos?
- Queremos achar uma metodologia
- Encontrar/construir relação entre CONCEITOS
-o como "fazer" uma obra = processo

*o processo tem que ser COMPARTILHADO, ninguém se subordina, construimos juntos uma nova forma de ver/ouvir intrinseca.


possível caminho:

- dialogar sobre elementos e conceitos de cada área = especificidades
- experimentar na prática as relações encontradas (criar estratégias, experimentos diferenciados)
- construir processos e testá-los

quarta-feira, 31 de março de 2010

Conversa com a Cinthia Kunifas - EM 10/12/09


antes de sair de férias conversamos para ver a quantas andava nossa vontade de pesquisar, considerações sobre o primeiro trabalho feito e possíveis caminhos para continuar...



VOCABULÁRIO = o que você quer com isso?

* metodologia:
- relação de CONCEITOS
COMO = PROCESSO

COLABORAÇÃO

resultado esperado: OBRAS!!!!


{sem ESTRUTURA não é nada!}
sempre tem embasamento


reorganização - MÚSICA



MENOS É MAIS MENOS É MAIS MENOS É MAIS MENOS É MAIS


o que eu (priscila) ouço??????

- ritmo?
- melodia?
- harmonia?


- MANIFESTAR A ESCUTA
- EXPRESSAR A PERCEPÇÃO


escuta musical (evolutiva):
corpo = ritmo
emoção = semiótico
intelectual = estrutura



(padrões - responder situações da mesma forma)
* SE PERMITIR ALTERAÇÕES *
- como ouvir, o que comunmente eu responderia com o corpo, com a emoção????



ESCOLHER AGIR!!!!!!!!!!!!!


- Como reagimos???


{não precisa ser dramático para emocionar} = sobre o concerto para corpo e violão
emocionar é relacionar com o público


SE OBSERVAR... O QUE ACONTECE?
ESCUTA
SE PERMITAM ERRAR, NÃO SABER, PARAR



problema priscila: como estou ouvindo????????????????
problema daniel: abrir mão, recorte



SEJA SIMPLES
ele não consegue olhar porque tem muita coisa acontecendo na música dele!
como você pode manifestar musicalmente o que simples?



decisivo.

Texto que usamos para inscrições - EM 30/09/09

A proposta é uma ligação híbrida de som e movimento.

Não se vê alguém dançando uma música, o que oferecemos é um concerto corporal.

Veja o som e ouça o corpo.

Os elementos surgem do que ambos dão (de "material") no momento do diálogo/experimentação, calcado na interpretação/expressão subjetiva de uma sensação, no caso gerada pelas tensões do "Prelúdio em C menor" de Barrios e o poema "Eu" de Florbela Espanca.

sexta-feira, 26 de março de 2010

após apresentar na V Mostra de dança da FAP, em 21/09/09
















CONVERSA SOBRE TODOS QUE SE APRESENTARAM NO DIA:

- em que fase está?
- organizar o que mostrar;
- o artista quer falar, mas ainda não formulou artisticamente;
- O QUE É IMAGEM PRA MIM?
- observar que caminho está vibrando e ir a fundo!
- A QUESTÃO VEM ANTES, CONSTROI JUNTO OU SURGE DEPOIS?

SOBRE O NOSSO:

- peça pronta ou processo?
- SENSAÇÕES
- estrutura: insistência, desequilíbrio, tensão

INTERPRETAÇÃO, DRAMATICIDADE, SENSAÇÃO: achar a diferença, construir a nossa dramaturgia (conceitos, autores)

- CONTRAÇÕES DO CORPO LEMBRA CARGA PSICOLÓGICA

- uma pergunta: como o Dani desconstrói (na música) o que eu tenho desconstruído no corpo?

EM 13/06/09 já como "Concerto para corpo e violão"

algumas leituras mudaram o jeito de pensar e a configuração do que ia para a cena...
"Performance como linguagem" - Renato Cohen e "Corpo e dramaturgia" (In: Húmus 1) - Rosa Hércoles.

MAS NÃO SABÍAMOS E AINDA NÃO SABEMOS NOMEAR ESSES CONCEITOS NORTEADORES!!!!!!!!!

LIGAÇÃO HÍBRIDA DA MÚSICA COM A DANÇA: VER SOM E OUVIR MOVIMENTO!

na época:
Acreditamos na interpretação subletiva: se é uma música escolhida ocorre a interpretação do Dani (a sua "versão") e a minha a partir da dele!




para a inscrição na mostra da fap:

Não se verá alguém dançando uma música (espetáculo de dança com música ao vivo), o que oferecemos é um concerto corporal. Veja o som e ouça o corpo, ambos hibridamente unidos sendo impossível a presença só do músico ou só da bailarina.

Isso tudo calcado no que ambos dão (de material um para o outro) no momento do diálogo/experimentação e na eventual interpretação de arranjos musicais e temas previamente escolhidos e que também estão abertos para a investigação ao vivo.

ÃH???? era bem confuso mesmo...

quinta-feira, 25 de março de 2010

após apresentar na aula da Kunifas...

CONVERSA COM A CÍNTHIA


preparei um monte de questões, acabei não colocando nenhuma e sai com mais um monte delas...

como coreografar sem perder a riqueza da negação de técnicas?
ter pesquisa: dança e música intrinsecas porém não saber onde vou ou o que vou fazer...
como investigar sozinho? como propor e corrigir?
como trabalhar a repetição sem ser mecânico? como ensaiar?


ela ressaltou os seguintes pontos:

- relação Teatro x Dança;
- espressividade;
- gestos pobres x gestos corporais necessários;
- que elementos musicais norteiam?

"Barrios" EM 02/05/09

RESULTADOS:

Experimentar algumas ideias de movimento e reconhecê-las nas partes musicais analisadas.

- Começar com olhos num ponto interior fixo gerando desequilíbrios frente/trás de tronco e pé;
- Duelo da meia ponta com plié e com tronco;
- Duelo de tornozelo que cede gerando torção/espiral que acaba no chão;
(ISSO TUDO ANTES DO COMEÇO DA TENSÃO)
- Duelo no chão de sustentação e queda; usar apoio de mãos e pés ou joelhos tensionando o quadril;
- Brincar com as mãos que alisam o chão como um lipador de carro; (TENSÃO MÁXIMA)
- Ao final no novo duelo: caminhadas interrompidas por giros e braços que acompanham;
- Escorregada apoiada até se conformar com o chão = FINAL!

quarta-feira, 24 de março de 2010

"Barrios" EM 01/05/09

ANÁLISE DA MÚSICA:

(improviso - base no baixo igual, nunca muda; - melodia clara ou não, nunca igual)

momentos (divisões) da música:
1º Começa em repouso e vai tensionando;
2º meio repouso que caminha tentando encontrar uma saída do estado de tensão;
3º TENSÃO MÁXIMA;
4º por um momento acha que acabou;
5º mas as tensões voltam, tenta duelar com elas e tem esperança que vai terminar bem;
6º mas não consegue, a tensão é mais forte;
7º e acaba se conformando.

"Barrios" x movimento improvisado EM 05/04/09

NO MOVIMENTO:
- a respiração é difícil, ofegante, pesada;
- nenhuma articulaçãoé liberada, nem "estica" por inteiro, está tudo sempre tensionado, dobrado, voltado para o centro do corpo que tem a sensação de ter levado um soco;
- o olhar procura alguma coisa dentro do próprio corpo, não se exterioriza, até olha para o espaço, mas com olhos vazios, cegos.
- o espaço é ocupado por indas e vindas (nos 3 planos) interrompidas por pensamentos, paredes, pessoas e sons imaginários.
- não há movimentos axiais, o corpo se locomove initerruptamente pelas "sutis palpitações" (cruz e sousa) do violão.

"Barrios" (concerto para corpo e violão) EM 23/02/09

Encontramos o poema "Eu" da poetisa portuguesa Florbela Espanca.
Acreditamos que qualificava a personagem.
A personagem, tangida pelas qualidades descritas em "Eu", mostrava seu choro de lamento da vida.



EU SOU A QUE NO MUNDO ANDA PERDIDA
EU SOU A QUE NA VIDA NÃO TEM NORTE,
SOU A IRMÃ DO SONHO, E DESTA SORTE
SOU A CRUCUFICADA... A DOLORIDA...

SOMBRA DE NÉVOA TÊNUE E ESVAECIDA,
E QUE O DESTINO AMARGO, TRISTE E FORTE,
IMPELE BRUTALMENTE PARA MORTE!
ALMA DE LUTO, SEMPRE INCOMPREENDIDA!...

SOU AQUELA QUE PASSA E NINGUÉM VÊ...
SOU A QUE CHAMAM TRISTE SEM O SER...
SOU A QUE CHORA SEM SABER PORQUÊ...

SOU TALVEZ A VISÃO QUE ALGUÉM SONHOU.
ALGUÉM QUE VEIO AO MUNDO PRA ME VER
E QUE NUNCA NA VIDA ME ENCONTROU!